sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Filme antigo

Parecia uma cena de filme. Duas jovens, correndo no parque e rindo de si mesmas. Faltavam apenas os trajes de época, a maquiagem, alguns hectares a mais de bosque e alguma lenda sobre monstros. Faltavam também as câmeras. Sentaram-se perto do lago e deitaram para descobrir que o sol olhava para elas. Em meio à fumaça do segundo ou terceiro cigarro, riam de si mesmas. Estavam juntas desde sempre e tinham as mesmas histórias para contar. Por isso, gargalhavam juntas sem precisar ter motivo. O bosque era repleto de árvores, e cada árvore tinha uma história pra contar. Uma delas parecia-se com uma senhora de uns 45 anos, aparentando ser mais velha, de saia longa e blusa marrom. Perto dela, um arbusto tinha jeito de guri levado com estilingue na mão e gomas nos bolsos. Uma outra, mais ao longe, tinha jeito de querer espantar todos que se aproximassem. Era rabugenta, como se tivesse sofrido muito na vida e não quisesse conhecer mais nada neste mundo. Não havia em todo o mundo alguém que se sentisse tão bem quanto as duas garotas no parque. Quanto mais se aproximavam de se tornarem mulheres, mais sentiam que deixavam de viver. Mas, naquele momento, o tempo estava congelado. As nuvens não corriam e o sol não cansaria de brilhar. Ambas sabiam que não importava quanto tivessem sofrido na vida, conheciam a sensação de estar no paraíso.

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