segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poste da rua principal

Triste poste da rua principal
que tão sério assiste os carros
que parado atrapalha o trafego
e tão quieto escuta a orquestra
sem ritmo
que faz fundo ao centro da cidade grande.
Não se sente bem? Tem estado calado
Já se foi o sol
E você não acendeu
Está velho demais para brilhar
Tem a voz fraca demais para contar
as infinitas histórias que já viveu
das muitas vidas que por ti passaram
Houve um tempo, eu me lembro, caro poste
Em que você era um homem vivo
Se vestia bem, falava alto e iluminava as noites
com todo o brilho de um artista
fadado ao fracasso
Mas para quem a vida era pura poesia
Hoje não passa de um poste velho e quebrado
Invisível na rua principal
do centro de uma cidade
E já é quase o tempo em que mandarão te derrubar
Para em mais um tempo ser esquecido
E um dia, quem sabe, ser erguido de volta
E de uma vez iluminar a cidade
Mas, nesse instante, chove aí fora,
saudoso poste,
ninguém pode te ver chorar.