segunda-feira, 28 de março de 2011

Recreio.

Sentado na arquibancada, Luís se distraia com o ritmo das crianças no parquinho. Com lápis de cera, o garoto desenhava o sorriso de Jeniffer, que se embalava com força fazendo cantarem as correntes do balanço. Era a garota mais linda da escola. Ao menos Luís tinha certeza disso. Apenas não contaria. Ela não saberia que Luís sentia por ela um amor, tão forte e eterno, que só poderia ser sentido por um garoto de sete anos. Jeniffer parou o balanço e se aproximou devagar. Por mais que tentasse, Luís não poderia desenhar o efeito que os vermelhos cachos de Jeniffer davam ao sol. Ela pediu para ver o desenho. Sorriu ao se reconhecer. Olhos brilharam ao notar que Luís enrubescia. Perguntou se podia ficar com o papel. Luís hesitou, era apenas um rabisco de lápis de cor. Mas não podia dizer não. Não conseguia, aliás, dizer nada.
Arrancou a página do caderno e olhou os dedos da menina. Deus, como gostaria de tocar aquela mão. Entregou devagar o papel. Será que ela nunca saberia o quanto Luís pensava nela?
O sinal tocou, anunciando o fim do recreio. Jeniffer correu para alcançar os colegas. Sorrindo, sempre sorrindo. Luís andou devagar para a sala, sem muita vontade de estudar. Apenas ficou imaginando como teria sido tocar a mão daquela menina.