quinta-feira, 30 de agosto de 2012

As Putas!


   Por que as pessoas odeiam tanto as putas? Elizabeth não conseguia entender. Fugira jovem de sua família, ou fosse o que fosse. Pai nunca havia tido mesmo. Avós e irmãos, sequer sabia o nome. A mãe só fazia beber. Bebia e batia. Parecia esporte. Era doente, a velha. Jovem, na verdade. Cheia de rugas de cansaço, de quem acalmava a garganta na cachaça quando queria descansar da tosse. Quando estava mais forte, lembrava-se das filhas que tinham roubado sua liberdade de moça e batia na que estivesse mais perto. Elizabeth odiava ter nascido naquele buraco e saiu sozinha aos 13. Na rua, era dos homens que apanhava. Mas precisava comer. Comer, beber, dormir, vestir-se, calçar-se e ir a festas. Homens adoram meninas, dão de tudo. Até mesmo dinheiro. Elizabeth sabia que era puta, decerto agora merecia apanhar. Era o que dizia o padre. Agora gostava de apanhar. Gritava, com todas as forças. Pedia que batessem mais forte. Assim, gozava. Provavelmente as coisas não funcionam assim, mas Elizabeth amava esses homens. Os velhos casados, nojentos e fétidos que a encontravam nas esquinas. Rasgavam suas roupas, lambuzavam-se à gosto e deixavam uns trocados. A garota amava cada um deles, sem precisar saber seus nomes. Cada um era como sua mãe. Sentiam-se fortes machucando a puta que os amava ali em frente. Elizabeth sentia saudades de casa.

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