Por que as pessoas odeiam tanto as putas?
Elizabeth não conseguia entender. Fugira jovem de sua família, ou fosse o que
fosse. Pai nunca havia tido mesmo. Avós e irmãos, sequer sabia o nome. A mãe só
fazia beber. Bebia e batia. Parecia esporte. Era doente, a velha. Jovem, na
verdade. Cheia de rugas de cansaço, de quem acalmava a garganta na cachaça quando
queria descansar da tosse. Quando estava mais forte, lembrava-se das filhas que
tinham roubado sua liberdade de moça e batia na que estivesse mais perto.
Elizabeth odiava ter nascido naquele buraco e saiu sozinha aos 13. Na rua, era
dos homens que apanhava. Mas precisava comer. Comer, beber, dormir, vestir-se,
calçar-se e ir a festas. Homens adoram meninas, dão de tudo. Até mesmo dinheiro.
Elizabeth sabia que era puta, decerto agora merecia apanhar. Era o que dizia o
padre. Agora gostava de apanhar. Gritava, com todas as forças. Pedia que
batessem mais forte. Assim, gozava. Provavelmente as coisas não funcionam
assim, mas Elizabeth amava esses homens. Os velhos casados, nojentos e fétidos
que a encontravam nas esquinas. Rasgavam suas roupas, lambuzavam-se à gosto e
deixavam uns trocados. A garota amava cada um deles, sem precisar saber seus
nomes. Cada um era como sua mãe. Sentiam-se fortes machucando a puta que os
amava ali em frente. Elizabeth sentia saudades de casa.
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