sábado, 28 de novembro de 2015

Gatos e Tapetes

Dona Augusta vivia sozinha. Dera um tempo da vida, matar o cansaço. Ninguém a conhecia. É claro, sabiam seu nome, endereço e signo do zodíaco. Cidade pequena deixa pouco espaço para segredo. A cidade falava, aliás, muitas coisas. Que D. Augusta abandonara seus filhos, que havia fugido da Espanha e até que vivia com o corpo embalsamado do marido. No armário. Ouvia-se dizer até que D. Augusta já havia amado. De verdade, algo além de seus gatos e crochês, mas que terminaria a vida à própria sorte. Perdeu tudo em alguma guerra ou briga de bar _ pouco se sabia dos detalhes. E muitas são razões para ela ter desistido. Ninguém acreditava, porém, que ela estava bem. Que a essa altura, seus gatos e tapetes já importavam mais do que o resto. Ou, ao menos, ninguém precisaria saber mais do que isso sobre Dona Augusta.

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